quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Oração e Revelação

Em seu livro, With Christ in the School of Prayer [Com Cristo na Escola da Oração], Andrew Murray escreve: “Ler um livro sobre oração, ouvir palestras e falar sobre ela é muito bom, mas não ensinará você a orar. Você não consegue nada sem exercício, sem prática”. Essa é a coisa mais tola que se pode dizer. Se ler, ouvir e falar sobre oração “não ensinará você a orar”, então como essas atividades são muito boas? Se eu não consigo “nada” sem prática, então por que eu devo ler seu livro?

É suposto que seu livro contenha discernimentos sobre oração extraídos das instruções e exemplos de Jesus. Mas a declaração citada implica que “prática” ou experiência é um professor melhor do que as palavras e atos de Cristo. O horror da situação fica evidente quando percebemos que parece que a maioria das pessoas compartilha da visão de Murray sobre aprender as coisas espirituais. Elas dizem que você pode ler sobre ela e falar sobre ela, mas a experiência é o melhor professor. Contudo, se a experiência é o melhor professor, então Jesus não é o melhor professor, e a Escritura não é a melhor fonte de informação. Isso é blasfemo!

A verdade é que a experiência é o pior professor, especialmente quando diz respeito a aprender coisas espirituais. Nossa cultura exalta o aprendizado por experiência, e muitos cristãos assumem tal visão, embora ela contradiga a sua professa fidelidade a Deus e à Escritura. Contra essa visão popular, eu urjo que devemos destronar a experiência e exaltar a revelação, isto é, as palavras da Escritura. Isso significa que ler um livro pode realmente lhe ensinar muitas coisas sobre oração, e visto que desejo mostrar a você algumas das coisas que a Escritura ensina sobre o assunto, faz sentido que eu tenha escrito esse livro.

Ler sobre oração não é o mesmo que orar, de forma que não estou dizendo que você deve ler sobre oração em vez de orar. Mas no que diz respeito a aprender sobre oração, devemos ler, falar e pensar sobre ela. Dito isso, talvez a maioria das pessoas de fato devesse orar menos e dispensar mais tempo lendo, falando e pensando sobre oração. A reverência exige de nós o aprendizado de como nos aproximar de Deus da maneira prescrita por ele, mas a partir da Escritura, não da experiência ou da observação.

Podemos aprender a partir dos “exemplos” de Jesus somente no sentido de que as palavras da Escritura nos dizem sobre a vida de oração de Cristo, de forma que ainda aprendemos através da leitura, do ouvir e do pensar, e não através da experiência ou observação. A Bíblia ensina que devemos ser exemplos do que ela ensina, mas isso é muito diferente de dizer que devemos ensinar por exemplos. Visto que não somos perfeitos, como uma pessoa pode saber o que imitar e o que não imitar de nós, a menos que ela já saiba o que é certo e o que é errado por ler, ouvir e pensar sobre as palavras da Escritura?

Então nossos exemplos servem, na melhor das hipóteses, como encorajamento para contemplar e seguir as palavras da Escritura, de forma que os exemplos em si não transmitem informação sobre como um cristão deve viver. A informação ensinada vem somente da Escritura, não da experiência ou de exemplos. Não há exemplos infalíveis dos quais passamos aprender hoje, excetos aqueles descritos e interpretados pelas palavras da Escritura. Embora Jesus não tivesse pecado, de forma que tudo o que ele fez era justo, quando deu um exemplo em João 3.15, os discípulos não o entenderam até que ele lhes ensinasse por palavras. Assim, a lição estava nas palavras, não no ato em si. O exemplo em si serve, na melhor das hipóteses, para ilustrar as palavras. Da mesma forma, 1Coríntios 10.6 refere-se aos israelistas sob Moisés como exemplos, mas a lição estava na interpretação que Paulo fazia das suas vidas.

Vincent Cheung - Oração e Revelação
Projeto Castelo Forte

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